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O autor que é uma paixão nacional
A arte de fazer
uma
radiografia bem-humorada da alma do brasileiro transformou Luis
Fernando Verissimo num campeão da literatura
Carlos Graieb
Liane Neves
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O escritor em sua casa, em Porto
Alegre: um popular dos mais refinados
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Veja também |
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Pergunte ao seu vizinho qual o escritor brasileiro de
maior sucesso nos últimos anos. Ele certamente responderá que é Paulo
Coelho. A carreira excepcional de Coelho, que já vendeu cerca de 45
milhões de livros ao redor do mundo, justifica essa idéia. Mas a história
não é bem assim. Do ano 2000 para cá, quem mais vendeu no país foi Luis
Fernando Verissimo. Depois de anos sozinho no pódio da literatura, Paulo
Coelho tem agora a companhia marcante do autor gaúcho. Verissimo sempre
esteve presente nas listas de best-sellers. Da lista publicada em VEJA,
ele não arreda pé praticamente há oito anos. Mas foi nos últimos três que
explodiu. Suas vendagens chegaram a 3 milhões de exemplares, graças aos
onze títulos lançados pela Objetiva, sua editora desde 1999, e a um
romance excepcionalmente publicado pela Companhia das Letras, Borges e
os Orangotangos Eternos. O maior sucesso entre esses títulos, As
Mentiras que os Homens Contam — uma coletânea de crônicas humorísticas
dedicadas ao tema da falsidade no amor, nos negócios e na vida pública —,
já chega às 310 000 cópias. No mesmo período, Paulo Coelho lançou o
romance O Demônio e a Srta. Prym e a coletânea de contos
Histórias para Pais, Filhos e Netos. O próprio Coelho controla a
divulgação de suas vendagens, mas no mercado estima-se que o primeiro
livro tenha vendido cerca de 230.000 exemplares em livraria e o segundo,
em torno de 50.000.
Marcelo Botelho/ObritoNews
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O ex-presidente FHC: "De Verissimo,
só o
Erico" |
Verissimo, aos 66 anos, ainda está longe de ser
uma celebridade como Paulo Coelho, que tem reconhecimento internacional
tanto como escritor quanto como guru espiritual e no Brasil já recebeu o
fardão da Academia Brasileira de Letras. Mas Verissimo já se tornou também
um escritor conhecido do grande público. Quem não sabe que ele é torcedor
fanático do Internacional de Porto Alegre, que ele toca saxofone numa
banda de jazz, que ele levaria a atriz Luana Piovani para uma ilha
deserta? Até sua timidez é notória — ainda que uma timidez notória tenha
algo de paradoxal, como ele mesmo já observou. "São poucos os escritores
que as pessoas identificam tão prontamente. Foi pensando nisso que fizemos
uma série de bonequinhos dele, para estampar nas capas de seus
lançamentos", diz Roberto Feith, dono da editora Objetiva. Até o ano
passado, a Objetiva teve em seu catálogo tanto Coelho quanto Verissimo. O
gaúcho, segundo Feith, já havia se tornado o escritor mais forte da casa.
Seja nas tirinhas desenhadas ou nas crônicas
assinadas em jornais, que representam a maior fatia de sua produção,
Verissimo sempre contou com dois trunfos: o humor e uma percepção muito
fina da intimidade do brasileiro. Ele é capaz de radiografar a alma
nacional como ninguém. Versátil, o autor escreve sobre quase tudo:
economia, gastronomia, futebol, cinema, viagens, música, literatura.
Pratica aquilo que Manuel Bandeira chamou de "puxa-puxa". Ou seja, é capaz
de arrancar um bom texto de qualquer miudeza. A vida privada do
brasileiro, contudo, é o seu forte — ou as comédias da vida privada, para
dizer melhor. Os rituais do namoro e do casamento, o sexo, as
infidelidades, o choque de gerações, tudo isso é um prato cheio para o
escritor. Quanto ao humor de Verissimo, ele é de um tipo muito especial.
Por mais incisivas que sejam, suas piadas nunca destilam raiva. Ele não
procura o fígado do leitor nem professa um humor amargo, desiludido com a
humanidade. Verissimo afirma que, à medida que envelhece, talvez esteja
caminhando para um ceticismo terminal, daqueles que não dão desconto. Mas
ainda não chegou lá. "O ceticismo é como um filtro, e o meu ainda tem
aberturas, deixa passar uma dose de otimismo", diz ele.
André Valentim/Strana
A atriz Luana Piovani: uma das musas de Verissimo | |
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NA ILHA
DESERTA
"— Pô, Luana.
— Não chega nem perto.
— Mas estamos só você e eu nesta ilha. E
estaremos aqui pelo resto de nossas vidas.
— A escolha foi sua. Ninguém me perguntou
nada.
— Como é que eu ia saber que a pergunta não
era hipotética? Que quando o cara me perguntou que livro, que disco
e que mulher eu levaria para uma ilha deserta não era pesquisa? Que
ele ia interpretar não como sonho, mas como pedido?
— Você devia ter desconfiado do
turbante."
Trecho da crônica "Cuidado com
o que você pede..."
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Verissimo chegou a ser identificado durante muito
tempo apenas como "humorista". Não haveria problema nenhum se o termo não
embutisse um certo preconceito. "A relação dos brasileiros com seus
humoristas tem algo de contraditório", diz o historiador Elias Thomé
Saliba, que lançou no ano passado um estudo sobre o tema, Raízes do
Riso. "O humor ocupa um espaço enorme em nossa vida social, ao mesmo
tempo que é visto como coisa menor e efêmera. Seus criadores nem sempre
recebem todo o reconhecimento que merecem." No caso de Verissimo,
reconhecem-se o humor e, ao mesmo tempo, a limpidez, a elegância e o tom
coloquial de seu texto. Ele tem uma característica que distingue
infalivelmente o grande criador popular do escritor medíocre. Ao ler suas
crônicas, o leitor desliza por elas com sofreguidão, para descobrir que
surpresas esperam por ele. É popular nesse sentido — mas um popular dos
mais refinados. O mesmo não se pode dizer de Paulo Coelho.
Não deve ser por acaso que as cenas da intimidade
interessam tanto a Verissimo. Família é uma coisa importante para ele. Há
quase quatro décadas o escritor é casado com Lúcia, uma mulher de bom
humor aparentemente indestrutível. "Depois desse tempo todo, temos sérias
esperanças de que o casamento dê certo", brinca ele. O casal tem três
filhos, mas nenhum neto ("estamos pensando em comprar alguns", diz
Verissimo). A filha mais velha, Fernanda, de 38 anos, finalizou há pouco
uma tese de história na Sorbonne. Mora num apartamento que Verissimo
comprou em Paris, onde o escritor costuma passar três ou quatro meses por
ano. O apartamento é pequeno, mas o bairro é um dos mais chiques da
capital francesa, o 16ème Arrondissement. A filha do meio,
Mariana, tem 35 anos e vive em São Paulo, onde escreve roteiros para
cinema e televisão. O caçula é Pedro, de 32 anos. Redator publicitário e
vocalista da banda de rock Tom Bloch, que acaba de lançar seu primeiro
disco, ele ainda mora com os pais. E com a avó também. A mãe de Verissimo,
Mafalda, está prestes a completar 90 anos. É uma senhora de olhar irônico
— daqueles com sobrancelha levantada. Há indícios de que parte do humor de
Verissimo tenha sido herdada dela. Numa apresentação recente de sua banda
de jazz, a Jazz 6, num bar de Porto Alegre, o músico-escritor levou um
tombo ao subir ao palco. "É isso que dá ir tocar jazz sem beber nada",
teria dito ela.
A casa da família Verissimo fica em Petrópolis, um
bairro de classe média alta de Porto Alegre. Foi comprada pelo pai de Luis
Fernando, o romancista Erico Verissimo, em 1942. "A casa em que se criaram
meus três filhos é a mesma em que me criei", diz o autor. "A rua mudou
muito, mas esta ainda é a minha paisagem afetiva, e acho importante ter
uma base emocional assim, essa idéia de continuidade." A construção foi
conservada de maneira impecável, assim como os móveis antigos. A única
modificação importante surgiu de uma escavação nas fundações de pedra da
casa, que criou uma sala de música e de TV. A casa tem quintal e
churrasqueira, diante da qual a inépcia culinária e a pouca afinidade do
escritor com os rituais gaúchos se revelam: "É a suprema desmoralização: o
churrasco na minha casa é feito por minha mulher, que ainda por cima é
carioca".
Oscar Cabral
Luma de Oliveira: admiração "ideológica"
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NO
ELEVADOR
"Porque eram precavidos, porque queriam que
sua união desse certo, e principalmente porque eram advogados,
decidiram fazer um contrato nupcial. Quando
chegaram à parte do contrato que trataria da fidelidade, ele
ponderou que a cláusula deveria ter uma certa flexibilidade. Ficou
decidido que ele estaria automaticamente liberado da obrigação
contratual de ser fiel a ela no caso de
ficar preso num elevador com a Patrícia Pillar, a Luma de Oliveira ou uma
das duas (ou as duas) moças do Tchan, além da Luana Piovani,
se o socorro demorasse mais de vinte
minutos."
Trecho da crônica "A cláusula do elevador"
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O escritório onde Erico Verissimo trabalhava — e que
chamava de "toca da liberdade" — foi preservado. Logo ao lado fica o
escritório que o próprio Luis Fernando já ocupa há duas décadas. Quem
conhece o escritor há muitos anos acredita que a fama de seu pai nas
décadas de 50 e 60, quando Erico rivalizava com Jorge Amado em
popularidade, tenha sido inicialmente um peso para ele. Luis Fernando
Verissimo demorou para atinar com um caminho na vida. Sem ter feito
universidade, tentou ser músico, desenhista e comerciante antes de
descobrir que levava jeito mesmo era para escrever. Isso aconteceu em
1966, no jornal Zero Hora, quando ele já tinha 30 anos, mulher e
filha pequena. Mas o autor não tem muita paciência para especulações
freudianas sobre uma possível "angústia da influência" provocada pelo
sucesso de seu pai. "Eu nunca havia pensado em ser escritor. Talvez
achasse que não deveria ser por causa dele, mas não era uma coisa
deliberada, uma hesitação consciente", diz. Erico, que morreu em 1975, é
chamado por Luis Fernando Verissimo de "o pai". Não é "meu pai", nem
"papai". É "o pai" mesmo — mas o autor diz que se trata apenas de tique
verbal e insiste em que não há nada a psicanalisar.
Reprodução Jorge Meditsch
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Liane Neves
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Verissimo na infância, com os
pais e a irmã, e no presente, com a mulher, Lúcia, e um de seus três
filhos, Pedro: família é coisa séria para o autor das "comédias da
vida privada" |
Com o passar dos anos, o filho tornou-se um grande
defensor da reputação literária e intelectual do autor de O Tempo e o
Vento. Como diz o editor gaúcho Ivan Pinheiro Machado, que publicou
por mais de vinte anos as obras de Luis Fernando Verissimo sob o selo
L&PM, ele sempre foi um homem de "polêmicas silenciosas". Ou seja,
preferia retrucar com um silêncio eloqüente a partir para a discussão. Por
causa de seu pai, no entanto, Verissimo meteu-se na maior arenga pública
de sua vida. A história ocorreu há algum tempo, mas voltou a animar as
rodas literárias de Porto Alegre no fim do ano passado, ao ser retomada
pela revista gaúcha Press. O antagonista de Verissimo foi o
professor universitário e também cronista Juremir Machado. Em 1995, os
dois escreviam para o jornal Zero Hora. Machado publicou um texto
iconoclástico sobre Erico Verissimo, sugerindo que ele fora omisso na
época da ditadura militar, evitando manifestar-se abertamente contra o
regime. Luis Fernando Verissimo saiu em defesa do pai e pediu uma
retratação. O imbróglio foi aumentando e resultou, finalmente, na demissão
de Machado. Este acusa Verissimo de ter criado uma situação do tipo "ou
ele, ou eu", forçando a direção do Zero Hora a optar pelo nome mais
conhecido. Segundo Machado, que fala ironicamente no seu "desafeto LFV", o
problema de Verissimo foi "não se rebaixar ao debate". Num texto para a
revista Press, Verissimo retrucou: "Entendo que o Juremir cultive a
fantasia do jovem irreverente vítima do figurão vaidoso e prepotente que
ele ousou afrontar, como entendo que a fantasia seja hoje propagada por
quem não gosta do que eu penso e escrevo. Eu tenho a opção de dar bola ou
não dar bola. Meu pai não tinha essa opção". Verissimo diz que nunca pediu
a cabeça do colega. E não gosta de tocar no assunto.
Liane Neves
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Reprodução Ricardo Chaves
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O autor no palco com sua banda
atual, a Jazz 6, e na juventude, com o grupo Renato e Seu Sexteto
(no círculo vermelho): ele pensou em ser músico profissional
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O autor fala de pessoas que "não gostam do que ele
pensa e escreve". E, de fato, há um campo em que Verissimo está longe de
ser uma unanimidade: o das crônicas sobre política. Simpatizante do PT,
ele começou a tratar do assunto com freqüência no fim dos anos 80. Na
época da eleição de Fernando Collor de Mello, seus constantes ataques ao
candidato resultaram num incidente assustador: cartas impecavelmente
escritas chegaram a sua casa, com ameaças a ele e a sua família. Depois,
foi a vez de os admiradores de Fernando Henrique Cardoso se aborrecerem
com Verissimo, que só chamava o presidente de Éfe Agá. O próprio Éfe Agá
reclamou da bateria cerrada de piadas numa entrevista recente. "De
Verissimo eu só leio o Erico", afirmou o ex-presidente, com seu humor tão
ou mais afiado que o de Luis Fernando. Éfe Agá, além do humor, revela
outras características positivas de seu caráter, inclusive em relação a
Éle-Éfe-Vê. Foi ainda em seu governo que Verissimo teve 2 milhões de
volumes do livro infantil O Santinho adquiridos pelo Ministério da
Educação, para distribuição em escolas públicas. No Rio Grande do Sul,
tradicionalmente afeito a polarizações, as simpatias petistas do autor
causam reações acaloradas. "Deixei de ler as crônicas do Verissimo porque
gosto muito dele como escritor e não quero perder essa admiração", diz
Antonio Hohlfeldt, crítico literário e vice-governador do Estado na atual
gestão, do peemedebista Germano Rigotto.
Macarena Lobos
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Oscar Cabral
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O editor Roberto Feith,
da Objetiva, teve Verissimo e Paulo Coelho em seu catálogo até o ano
passado: "Verissimo se tornou o meu autor brasileiro mais forte"
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A recente eleição de Luiz Inácio Lula da Silva deixou
Verissimo satisfeito. Mas ele tem críticas ao governo petista. Suas notas
para o primeiro mês do governo Lula são "10 pela empolgação e 4 pelas
contradições, o que dá 7 na média". Ele não gostou de ter um ex-executivo
do mercado financeiro, Henrique Meirelles, na presidência do Banco
Central. E afirma que a Velhinha de Taubaté ainda está viva e hoje
acredita em tudo o que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, diz na
televisão. Criada por Verissimo nos anos 80, a Velhinha de Taubaté era uma
personagem que nunca punha em dúvida o que o governo afirmava, por maior
que fosse a barbaridade. "Acho que se Verissimo fizesse parte do PT ele
estaria numa das correntes radicais", diz Antonio Hohlfeldt. O próprio
Verissimo vê as coisas de outra forma. "O poder é sempre criticável, só
por ser poder. E a única obrigação do humor é ser humor", sentencia ele. O
escritor inventou uma tendência para si mesmo e outros simpatizantes
petistas bem-humorados: o Corpo Auxiliar Luma de Oliveira, ou Caldo. Luma
foi escolhida madrinha por ter sido a maior doadora individual da campanha
presidencial de Lula — e também por seus atributos
extra-ideológicos.
Ricardo Leite/Pós Imagem
Design
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Em janeiro deste ano, Verissimo deu uma guinada
em sua rotina: deixou de publicar crônicas diariamente. Agora ele escreve
dois textos semanais, distribuídos para vários jornais do país, e um
terceiro que sai apenas no Zero Hora, de Porto Alegre, e em O
Estado de S. Paulo, da capital paulista. Vai usar o tempo livre para
completar dois projetos pendentes: seu quarto romance, que terá o nome de
O Opositor, e uma história de seu time do coração, o Internacional
de Porto Alegre. Quatro anos atrás, o autor já havia aposentado seus mais
famosos personagens de quadrinhos, As Cobras. "Elas estavam bem
redondinhas, o traço estava no ponto certo. O problema é que eu chegava ao
fim do dia e então lembrava que ainda tinha de fazer as Cobras. Resolvi
parar", conta ele. Verissimo sempre trabalhou loucamente. Além dos
compromissos formais, assumia uma quantidade impressionante de
compromissos informais. "De cada três livros publicados no Rio Grande do
Sul, dois têm uma orelha dele", brinca um amigo. Até jornaizinhos de
bairro contam com suas colaborações. Uma crônica antiga e famosa, batizada
de O Encontro, saiu originalmente num panfleto do mercado
porto-alegrense O Carrinho, com o título Supermercado Real da
Auxiliadora, 2 Horas da Manhã. Verissimo chegou a ser conhecido como
"o escritor que não sabe dizer não". Se trabalhava tanto, não era por
necessidade. Ao longo da carreira, ele embolsou uma quantia respeitável em
direitos autorais. Foram mais de 3 milhões de reais só na última década.
Além disso, seus contratos com jornais lhe rendem cerca de 25.000 reais
por mês, atualmente. O que a produtividade incessante revelava era uma
atitude em relação à literatura. Para Verissimo, que chegou à profissão
que o tornou famoso meio por acaso, escrever é um ofício como qualquer
outro, que requer aprendizado e prática. Sua criação, diz ele, não tem
nada a ver com as musas. Imagine, então, se elas ajudassem.
Ricardo Leite/Pós Imagem Design
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BOM TAMBÉM NO
DESENHO
As tirinhas de jornal compõem uma
parte importante da produção de Verissimo. Suas criações mais
famosas são a Família Brasil e As Cobras (abaixo), que ele
parou de desenhar em 1999
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